Katheriny Mendes

Para se compreender o caminho da Gravura até sua representação atual é necessário recapitular alguns pontos.

Resumidamente a Gravura se resume a técnicas de incisão ( Xilogravura, Linoleogravura, técnicas de Buril, Agua Tinta e Agua Forte ) e a técnicas de superfície ( Monotype, Serigrafia, Litografia).

Falando de sua repercussão no Brasil é interessante pensar que até os anos 70, a xilogravura

Que desencadeou a Gravura de Cordel por Pernambuco e arredores, era apenas reconhecida como arte popular, ficando fora do circuito de arte local.  Apenas anos depois quando um grupo de artistas teve a iniciativa de criar os “ Livros de Artista” a Xilogravura subiu ao patamar estimado de obra de Arte. Gilvan Samico de Pernambuco e Yolanda carvalho do Piauí são nomes que construíram sua pesquisa inspirados na literatura de Cordel.

Agora quando miramos nosso olhar ao Sul, a repercussão da Gravura começou de maneira mais tímida, na localização exata de um porão.

Passando por uma rua sossegada, a nossa atenção foi despertada por um porão, em que percebemos um atelier de pintura emergente. Acocoramo-nos e ficamos a comentar o que víamos, quando nos convidaram para entrar pelos fundos. Estávamos casualmente diante do movimento mais moderno que avassalava Curitiba. Trata-se do Centro de Gravura do Paraná, nos porões da Escola de Belas Artes (A.O., 1951).”

No porão da Belas Artes, localizada em sua antiga sede na Rua Emiliano Perneta, acontecia o atêlie de Gravura de Curitiba, uma turma de mulheres como é descrito na Revista Joaquim.

“Não é raro ver em qualquer canto do Centro, algumas de suas alunas debruçadas incomodamente em cima de uma cadeira, gravando em condições realmente impraticáveis, com instrumento improvisado, como prego, canivete, gilete, grampo, etc. obtendo com frequência ótimos resultados (VIARO; BENITEZ, s.d.).”

Essa Técnica de impressão que teve tanta representatividade nos movimentos populares brasileiros teve sua trajetória  preenchida por nomes como  Poty Lazzarotto, Darel Valença, Lívio Abramo, Orlando da Silva, Renina Katz, Fayga Ostrower, Gilvan Samico, Newton Cavalcanti, Violeta Franco, Fernando Calderari, Danúbio Gonçalves, Uiara Bartira, Denise Roman, Mazé Mendes, Paul Garfunkel, Domicio Pedroso, Juliane Fuganti, Guita Soifer, Tomie Ohtake, Jussara Age, Carlos Eduardo Zimmermann, Francisco Stockinger, Zoravia Bettiol, Elvo Benito Damo, Cícero Dias, Volpi, Marcelo Grassmann, entre outros.

Mas a contemporaneidade se faz de fusões, e os limites entre técnicas, bordas e legendas foram ficando cada vez mais estreitos. Chamo a atenção para a produção do artista Valdir Francisco, residente em Curitiba. O escultor e também gravador traz um percurso interessante onde a gravura sai do plano gráfico e se torna objeto permeável visualmente.

Valdir Francisco Katheriny Mendes

Valdir Franscisco katheriny Mendes

 

As técnicas de lito, xilo e metal se fundem no olhar do Artista, que as compõe com bordados e grafismos de sua poética.

Indo agora para outro continente a produção que merece a atenção neste artigo e a produção da Artista Katherine Jones cujo olhar circula entre a Pintura e a gravura.

Katheriny Mendes Arte

Hammersmith Angel

Katheriny Mendes Arte

Brockwell

Monotipia, Agua Forte, Litogravura e stencil são algumas das fusões de Katherine cria em sua obras.

Assim com essa breve passagem pelos caminhos da Gravura é possível perceber que enquanto mero suporte para ilustração da literatura, como leitura figurativa de crítica social ( Goya 1799 ), arte gráfica usada para como recurso para publicidade ( Toulouse Lautrec 1890), Folhetim,  entre tantas das descrições que já assumiu, atualmente se apropria de uma nova forma, desprovida de amarras a sua linguagem e representatividade.

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